Num velho rancho gaúcho
Sem luxo, sem vaidade
Nem no campo, nem no mato
Num recanto da cidade
Ali nasceu um menino
Que com 6 anos de idade
Mostrou vocação de poeta
Cantava barbaridade
Não era rico, era pobre
Foi criado trabalhando
Sete anos ele já tinha
Lá no colégio estudando
Quase todas as tardinha
Quando o Sol já ia entrando
A vizinhança rodeava
Pra ver o menino cantando
Onze anos ele já tinha
Fez a primeira canção
Pra um pingo que o seu pai deu
Que tinha o pêlo alazão
Ao povo da sua terra
Causou admiração
Muitos prometeram ajuda
Pra iludir seu coração
E o tempo foi passando
Pois os anos não paravam
Aprendeu tocar cordeona
Violão também solava
Certa vez foi desprezado
De uma prenda que ele amava
Sofreu muito ficou triste
Mas pra não chorar cantava
Filho de família pobre
Sofrer era o seu destino
Talvez se ele fosse rico
Se tornasse artista fino
Com sacrifícios da vida
Foi se criando teatino
Viajando de pago em pago
Se tornou homem o menino
Certa vez desesperado
Perguntou à Virgem Maria
E ao Senhor Pai das alturas
Por quê não lhe ajudaria
Mas foi em vão a pergunta
Deus do céu não respondia
E sua vida continuou
Só a tristeza lhe seguia
Vivendo por este mundo
Sem atenção, sem amor
Muitas vezes foi criticado
Também teve dessabor
Muitos então vão dizer
Quem será este sofredor
Lutar e não poder vencer
É perder o seu valor
E encerrando esta letra
Como a esperança morreu
O sonho de um poeta pobre
Muito comigo viveu
O poeta aventureiro
Desde menino sou eu
José Marcos Melo da Silva
Quem estes versos escreveu